domingo, 28 de dezembro de 2014

Será que devemos ser sós?

Uma vez ouvi da pessoa por quem eu estava apaixonado, que talvez o meu fim devesse ser só, e que eu devia me acostumar com isso. Ele disse isso enquanto conversávamos sobre minha condição.
Passei um tempo com isso na cabeça. Hoje já não tenho contato com essa pessoa, só quando indispensável mesmo.
De repente me pego gostando de outro cara que tem demonstrado gostar muito de mim também, mas aí acontece oque? Ele tenta fazer sexo sem camisinha comigo. Em meio a muito protesto e empurrões ele acabou penetrando até que eu falei mais alto e ele tirou. Foram uns 3 minutos. Em meio a frases do tipo "eu não tenho nada", "confia em mim" e "relaxa".
To aqui me sentindo muito mal, cabeça estourando, consciência pesada talvez, mas acho que não, porque ele devia se preocupar também.
To muito triste, muito mesmo, já tive crise de choro, arrepios e aquele velho sentimento de querer que tudo acabe de uma vez.
As vezes tudo que eu queria era que Deus colocasse no meu caminho alguém que tivesse na mesma situação que eu.
Será pedir muito pra viver uma história de amor?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Viver como antes. Possível ou impossível?

Viver com essa doença não é nada fácil. Quem me conhece e sabe deve imaginar que é tudo tranquilo. Depois do diagnóstico eu passei uns poucos meses vivendo com medo. Praticamente não saía, não bebia nada, não fumava... mas com o passar do tempo e vendo meus exames a cada dia melhorar, resolvi voltar viver.
Hoje eu bebo, fumo pouco, mas fumo, e saio sempre que posso. Gente não estou aqui dizendo pra ninguém fazer isso, estou somente dizendo como eu vivo. Cada organismo reage de uma forma, eu mesmo  sempre tenho diarreia no dia seguinte a uma festa.
Tentei levar uma vida saudável, patinava todos os dias, tentei entrar na academia, mas confesso que sou um tanto preguiçoso pra essas coisas. Entrei na academia pra ficar com o corpo mais bonito, ganhar um pouco de peso, enfim... Mas algumas coisas aconteceram e eu acabei saindo da academia e quase não patino mais. Graças a Deus não tenho um corpo feio e ainda existem caras que gostam dos magrinhos kkkk
Queria saber como vocês vivem, oque deixaram de fazer e o que começaram a fazer após o diagnostico.

PS: num outro post eu falei das minhas idas a locais de sexo e etc. Mas algo não ficou claro. Eu não faço nada sem proteção, principalmente por saber como é complicado viver com essa condição.
Por favor não pensem que sou um louco inconsequente.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Medicamentos...

Andei lendo alguns blogs e reparei que muitos já haviam publicado posts sobre medicamentos antirretrovirais e resolvi dividir um pouco da minha experiência também.
Desde que fui diagnosticado que uso os mesmos remédios (Kaletra e Lamivudina).
Nossa, no início foi um inferno; diarreias, náuseas, fraqueza, falta de fome, foi a pior fase da minha.
Esse sintomas duraram mais ou menos um mês, um mês e meio. E graças a Deus os medicamento foram certeiros.
Pouco tempo depois eu já estava indetectável, nossa fiquei muito feliz quando minha médica falou isso.
Porém depois de algum tempo indetectável, eu cheguei na fase "não quero mais tomar remédios".
Mais ou menos um mês sem tomar remédio o CD4 aumentou, e eu não senti nada de diferente, se não fosse o exame e um esporro da minha médica, era capaz de estar sem me medicar até hoje.
Agora depois de meses tomando remédio e esquecendo uma dose ou outra, passando um dia ou dois sem me medicar, tento voltar a condição de indetectável fazendo o máximo pra não ficar nem um dia sem tomar remédio. Esse mês deixei de tomar um dia.
Enfim, não é nada fácil ter essa obrigação diária.
E vocês como estão em relação a medicação, já passaram pela fase dos efeitos colaterais? Já quiseram parar de se medicar?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Você sabe como aconteceu?

"Quem foi que fez isso com você?" essa foi uma das primeiras perguntas que eu ouvi da minha mãe no momento em que recebi o diagnóstico.
Eu sinceramente não soube responder.
Comecei a fazer sexo muito cedo. Primeiro com meus amigos e vizinhos, todos com a mesma faixa etária. Meu primeiro "amor" foi um amigo de escola, loiro, branquinho e com um pau lindo kkkkk a gente transava quase todo os dias. Transava, se é que penetração entre dois meninos de 10, 11 anos pode ser chamado assim.
Depois que fui proibido de sair de casa todas as tardes (a casa dele era afastada da minha) troquei de parceiro, comecei a pegar meu vizinho poucos anos mais velho. Como o quarto dele era no terraço, dizíamos que estávamos jogando videogame, quando na verdade o jogo era outro. Chupava ele suado mesmo, fazíamos sexo sem camisinha praticamente todos os dias. Dois adolescente de 15 e 18 anos.
Nessa mesma época eu transava com meu cunhado, com o tio desse vizinho e ia por varias vezes aos shoppings, só para passar horas no banheiro.
Fazia isso tudo à espera de que alguém me olhasse e me desejasse. Sempre quis isso. Sempre gostei da sensação, do olhar dos homens, de sentir que eles me queriam. As vezes me sentia uma peça de carne exposta. Mas nem por isso eu deixava de ir quando podia. Nessa época li pela primeira vez o livro "Eu, Christiane F. Drogada e Prostituída", um dos meus livros favoritos até hoje. E me sentia como ela, naqueles banheiros de Berlin. Ela queria se drogar. Eu queria ser amado.
Cresci, continuei procurando o amor onde não existia. Frequentei banheiros públicos (shoppings), Cinemões, chats on line, entre outros. Sempre que pegava algum cara novo e bonito ficava dias pensando em encontra-lo de novo. Pura enganação.
Mas mesmo assim não consigo saber quando fui contaminado.
Ta bom, vocês devem estar pensando. "Putz e ele queria estar saudável?"
Lembro que uma das coisas que eu disse ao médico foi "doutor, não me lembro de ter feito sexo sem camisinha". Uma das ultimas pessoas com quem eu transei (esse eu lembro que foi sem proteção) não tem nada, tanto que teve uma filha alguns meses depois dessa transa.
Não sei, as vezes penso que estava no meu destino esse vírus. Sempre chorei muito assistindo, Philadelfia, Cazuza, até Queer As Folk. E nunca soube explicar. Sempre ficava com uma sensação ruim.
Enfim essa é uma história que eu conto outro dia.
Obrigado por me ouvirem.

PS: Vocês sabem como aconteceu com vocês?

sábado, 20 de dezembro de 2014

Segredo...

Pra mim uma das piores partes dessa doença é o segredo.
Quando eu descobri lembro da médica dizendo pra minha mãe (elas eram conhecidas de profissão), "entre diabetes de HIV eu preferia ter a segunda opção". Ela disse que a doença era "melhor". Acho que ela deve ser louca. Tudo bem que ter que tomar remédios e se picar todos os dias deve ser muito chato, mas ninguém vai deixar de ficar com você por esse motivo. Ao passo que se você disser ter HIV muitos vão te "apoiar" no primeiro momento pra não parecer preconceituoso, mas logo vão começar a ter restrições a seu respeito. Eu passei por isso!
Um dos meus maiores sonhos é o de ter um relacionamento, sim, eu sou uma criança Disney. Cresci assistindo a contos de fadas e sonhando ser salvo da minha torre assim como as princesas.
Porém hoje estou preso em uma torre muito alta e o dragão que me vigia é até então imortal, no máximo domesticável. Mas quem, está disposto a domar uma fera tão feros, que com um simples golpe pode torná-lo outro prisioneiro nessa torre?
Eu já tentei começar um relacionamento sincero, contei minha condição antes que qualquer outra coisa pudesse acontecer. A única coisa que consegui com isso foi dor e sofrimento.
Mas essa é uma história que eu conto em outro momento.
Obrigado por me ouvirem.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Como ser livre?

A cada dia fica mais difícil me envolver com alguém.
Passar um tempo especial com uma pessoa com quem poderia ter algo especial. E cinco minutos depois lembrar que sou refém de algo que por um momento qualquer, com uma pessoa qualquer, eu deixei que entrasse em meu corpo.
Já pensei em acabar com isso, mas sei que não é o caminho. As vezes penso em escancarar minha condição para não precisar me preocupar com o próximo passo a tomar.
Por isso a cada dia mais me enfio em locais escuros, que cheiram a sexo, onde entro faço oque quero e não preciso me preocupar com nada.
Nessas horas me impressiona o número de pessoas que ainda se arriscam fazendo sexo sem proteção.
Preciso de ajuda, mas essa ajuda só pode vir de dentro.
Obrigado por me "ouvirem".