segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Você sabe como aconteceu?

"Quem foi que fez isso com você?" essa foi uma das primeiras perguntas que eu ouvi da minha mãe no momento em que recebi o diagnóstico.
Eu sinceramente não soube responder.
Comecei a fazer sexo muito cedo. Primeiro com meus amigos e vizinhos, todos com a mesma faixa etária. Meu primeiro "amor" foi um amigo de escola, loiro, branquinho e com um pau lindo kkkkk a gente transava quase todo os dias. Transava, se é que penetração entre dois meninos de 10, 11 anos pode ser chamado assim.
Depois que fui proibido de sair de casa todas as tardes (a casa dele era afastada da minha) troquei de parceiro, comecei a pegar meu vizinho poucos anos mais velho. Como o quarto dele era no terraço, dizíamos que estávamos jogando videogame, quando na verdade o jogo era outro. Chupava ele suado mesmo, fazíamos sexo sem camisinha praticamente todos os dias. Dois adolescente de 15 e 18 anos.
Nessa mesma época eu transava com meu cunhado, com o tio desse vizinho e ia por varias vezes aos shoppings, só para passar horas no banheiro.
Fazia isso tudo à espera de que alguém me olhasse e me desejasse. Sempre quis isso. Sempre gostei da sensação, do olhar dos homens, de sentir que eles me queriam. As vezes me sentia uma peça de carne exposta. Mas nem por isso eu deixava de ir quando podia. Nessa época li pela primeira vez o livro "Eu, Christiane F. Drogada e Prostituída", um dos meus livros favoritos até hoje. E me sentia como ela, naqueles banheiros de Berlin. Ela queria se drogar. Eu queria ser amado.
Cresci, continuei procurando o amor onde não existia. Frequentei banheiros públicos (shoppings), Cinemões, chats on line, entre outros. Sempre que pegava algum cara novo e bonito ficava dias pensando em encontra-lo de novo. Pura enganação.
Mas mesmo assim não consigo saber quando fui contaminado.
Ta bom, vocês devem estar pensando. "Putz e ele queria estar saudável?"
Lembro que uma das coisas que eu disse ao médico foi "doutor, não me lembro de ter feito sexo sem camisinha". Uma das ultimas pessoas com quem eu transei (esse eu lembro que foi sem proteção) não tem nada, tanto que teve uma filha alguns meses depois dessa transa.
Não sei, as vezes penso que estava no meu destino esse vírus. Sempre chorei muito assistindo, Philadelfia, Cazuza, até Queer As Folk. E nunca soube explicar. Sempre ficava com uma sensação ruim.
Enfim essa é uma história que eu conto outro dia.
Obrigado por me ouvirem.

PS: Vocês sabem como aconteceu com vocês?

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